terça-feira, 14 de maio de 2013

Petrobras apresenta: GRUPO GALPÃO em "Till, a saga de um herói torto"

Foto: Guto Muniz

De Luís Alberto de Abreu
Direção: Júlio Maciel

Com direção de Júlio Maciel, cenário e figurinos de Márcio Medina e direção musical de Ernani Maletta, ‘Till’ representa a volta do Grupo Galpão ao teatro de rua e suas formas de representação popular.

Esse é o quarto espetáculo do Galpão com direção de integrantes do Grupo. O primeiro foi "Foi por Amor", com direção de Antonio Edson, em 1987. Dez anos depois, já em 1997, Eduardo Moreira dirigiu "Um Molière Imaginário" e, em 2000, foi a vez de Chico Pelúcio dirigir o musical “Um Trem Chamado Desejo”.

Sinopse
Um dia, na eternidade, o Demônio aposta com Deus que se tirasse do homem algumas qualidades, ele cairia em perdição. Deus, aceitando o desafio, resolve trazer ao mundo a alma de Till. Vivendo em uma Alemanha miserável, povoada de personagens grotescos e espertalhões, logo de início nosso protagonista é abandonado em meio ao frio e a fome e descobre que a única maneira de sobreviver naquele lugar é se tornar ainda mais esperto e enganador. Assim começa sua saga cheia de presepadas e velhacarias.

Criado pela cultura popular alemã da Idade Média, Till é o típico anti-herói cheio de artimanhas e dotado de um irresistível charme. Um personagem que tem parentesco com outros tipos de várias culturas, como, por exemplo, o ibérico Pedro Malasartes e o nosso Macunaíma.

Além de Till e uma infinidade de rústicos personagens medievais, a peça conta também a história de três cegos andarilhos que buscam a redenção, sonhando alcançar as torres de Jerusalém e salvar o Santo Sepulcro das mãos dos infiéis.

Num mundo em que é cada vez mais marcante a presença dos excluídos e dos desprovidos de qualquer suporte material, a parábola das aventuras do anti-herói Till Eulenspiegel torna-se de uma atualidade inquietante.

A comédia popular está presente de forma muito marcante em vários espetáculos do Galpão, especialmente em “A Comédia da Esposa Muda”, “Um Molière Imaginário” e “Um Trem Chamado Desejo”.

Música

A direção musical do espetáculo é assinada por Ernani Maletta, que trabalha com o Grupo desde 1994.
A trilha sonora, composta por 12 canções, possui temas variados, marcados por músicas do cineasta e músico sérvio Emir Kusturica, composições próprias e cantigas de roda. “O espetáculo tem uma unidade sonora que é a combinação de duas fontes que nos guiaram desde o início, a sonoridade que as músicas do Kusturica têm, mais rasgada, mais metálica, mais jocosa, e a música medieval, que possui alguns intervalos sonoros característicos, que tem uma estrutura particular”, informou Maletta.

As cantigas de roda foram reconstruídas e ganharam uma sonoridade semelhante às músicas medievais e as do Kusturica, preservando a originalidade das mesmas.
Nesta nova montagem, Ernani Maletta introduziu ao Grupo uma nova metodologia de trabalho: “Transformo a estrutura rítmica da frase musical numa estrutura poética, para que eles, memorizando a poesia, memorizem também a estrutura rítmica da música. Com isso, consegui um resultado musical acima da média, independentemente dos atores não serem profissionais da música.”

Iniciação ao “bufão”
Especialmente para a nova montagem, o Galpão participou de um workshop sobre “bufões” com o preparador corporal Joaquim Elias, estudioso do assunto. “O universo de TILL está repleto desses tipos bufonescos, mendigos, cegos, deficientes do físico e da moral. Ele próprio - o Till - é uma dessas inúmeras manifestações de arquétipo do bufão”, ressaltou Elias.

Além disso, desde março, três vezes por semana, o preparador trabalha com o grupo exercícios de respiração, soltura das articulações, jogos de rítmica corporal e interação grupal.

Figurino
Foram confeccionados 31 figurinos em um ateliê especialmente montado para o espetáculo, composto por duas costureiras, uma modelista e três aderecistas. Além disso, a equipe contou com a ajuda dos alunos do Núcleo de Pesquisa em Figurino do Galpão Cine Horto. Quem assina a assistência de figurino é o ator Paulo André, um dos integrantes do Grupo Galpão.

Para remeter ao período medieval na Alemanha, os tecidos usados são artesanais, de fibras naturais e foram tingidos à mão. Todo o material é reciclado. Fazem parte das roupas também panos de saco de chão usados, coletados nas residências da equipe do Galpão e tecidos de figurinos de espetáculos anteriores que não são mais usados. As roupas passaram também por um processo de envelhecimento. Como os atores interpretam vários personagens, cada um possui um macacão base e o material é leve, para facilitar seus movimentos.

Segundo Márcio Medina, o figurino possui uma dose de humor misturado com o grotesco. “Tivemos uma influência do pintor flamengo Hieronymus Bosch. Em suas obras encontramos figuras estranhas, bicho comendo gente, gente comendo bicho, ele tem um pouco desse universo e nós nos inspiramos nele tanto cromaticamente, como nas formas”, afirmou.

Os adereços têm um papel fundamental no figurino. Cada personagem possui um que caracteriza a sua personalidade. Para a confecção deles foram usados materiais rústicos, como panelas, galhos de árvores, ferragens, borracha, entre outros.

Cenário

Com um palco ao ar livre de dez metros de comprimento por sete de largura, o cenário está em harmonia com o figurino, com materiais recicláveis e objetos rústicos.

Carrinhos de mão comprados em mercados tradicionais da cidade são usados como palcos-praticáveis. Márcio Medina lembra que a história de Till está sempre ligada à venda e esses carrinhos criam esse efeito de mercadoria, além de dar mobilidade aos atores. Outro objeto do cenário que pode ser visto nas ruas de Belo Horizonte e que está sendo usado em contexto diferente na montagem, é a vassoura usada pelos garis da Prefeitura.

Para ter um público mais próximo do espetáculo, Márcio Medina optou por um palco horizontal e com profundidade menor, que possui um fundo falso, uma espécie de coxia, além de vários alçapões, de onde os atores entram e saem de cena.

Elenco:
Antonio Edson - Borromeu / Povo / Anão
Arildo de Barros - Parteira / Juiz / Camponês / Carrasco / Padre / Miserável
Beto Franco - Parteira / Português / Padre / Camponês / Miserável
Chico Pelúcio - Demônio / Camponês / Voz do Soldado
Eduardo Moreira - Doroteu / Povo
Inês Peixoto - Till
Lydia Del Picchia - Parteira / Consciência / Cozinheira / Menino
Simone Ordones - Alceu / Povo
Teuda Bara - Mãe / Miserável

Ficha Técnica:
Direção: Júlio Maciel
Texto: Luís Alberto de Abreu
Cenografia e Figurino: Márcio Medina
Direção musical - arranjos, adaptações e composições: Ernani Maletta
Preparação corporal para cena: Joaquim Elias
Iluminação: Alexandre Galvão, Wladimir Medeiros
Caracterização: Mona Magalhães
Adereços: Luiza Horta, Marney Heitmann, Raimundo Bento
Preparação vocal: Babaya
Construção do palco: Tecnometal
Cenotécnica e contraregragem: Helvécio Izabel
Operação de luz Wladimir Medeiros
Operação de som: Vinícius Alves
Fotos: Guto Muniz
Assessoria de Planejamento: Ana Amélia Arantes
Estagiária de Planejamento: Lorena Lima
Assessoria de Comunicação: Beatriz França
Assistente de Comunicação e Memória: João Luis Santos
Estagiária de Comunicação: Jussara Vieira
Assistência de Produção: Evandro Villela
Produção Executiva: Anna Paula Paiva e Beatriz Radicchi
Coordenação de Produção: Gilma Oliveira
Patrocínio: Petrobras

Nenhum comentário:

Analytics